Como o trabalho de cuidado afeta a saúde mental das mulheres

Por Zen App

Tempo de leitura: 3 minutos

Uma mulher gasta, em média, 61 horas por semana em trabalho não remunerado no Brasil. São quase 9 horas diárias dedicadas ao trabalho doméstico, cuidados com filhos, companheiros, pais idosos, etc. Em outras palavras, uma jornada dupla que envolve horas de “trabalho fora” somadas a esse esforço que, normalmente, é feito de maneira silenciosa e que pode às adoecer. 

Só para ilustrar, um estudo feito em Campinas levantou que 34,4% das mulheres têm dores nas costas (entre os homens são 26,5%). Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem dados que confirmam que mulheres têm duas vezes mais chances de desenvolverem ansiedade e três vezes mais chances de se tornarem depressivas em detrimento aos homens.

Débora Vilela, psicóloga do Zen App, explica que numa sociedade desigual, as análises precisam desses recortes tanto de gênero, quanto de raça e classe social. 

“Em muitos casos a jornada pode ser tripla, quádrupla ou até quíntupla… quando pensamos no tempo que estudos, autocuidado e relacionamentos precisam, por exemplo”, comenta. “Isso sem contar questões como disparidade salarial e violência doméstica”.

Ainda segundo ela, quando a questão é a saúde mental, os efeitos da sobrecarga podem ser diversos. Para além dos sinais de ansiedade e depressão, também é possível que se apresentem de outras formas. Por isso, é importante ficar alerta caso ocorram:

  • Problemas de memória;
  • Dores de cabeça constantes;
  • Pensamentos acelerados;
  • Insônia
  • Falta de apetite;
  • Aumento de apetite;

No geral, de acordo com ela, são sinais que atrapalham a qualidade de vida. E que, a longo prazo, podem desencadear em problemas mais severos. Então, o ideal é tomar uma atitude ao percebê-los. 

Como diminuir os impactos da sobrecarga feminina?

A resposta mais simples seria: dividir as responsabilidades. 

Mas, na vida real nem sempre isso é possível. E, aliás, é por essa razão que a sobrecarga normalmente começa. Por isso, o indicado é começar simplesmente entendendo a situação e acolhendo os sentimentos. 

“Às vezes é difícil enxergar que isso está acontecendo. Compreender a realidade e entender que estamos diante de algo sociocultural, ou seja, que diz respeito não só a você, mas a sociedade em que você está inserida, é o primeiro passo”.  

Com isso em mente, o próximo passo é aprender a se cobrar menos e aceitar que você vai: 

  • Errar;
  • Precisar de ajuda;
  • Cansar e, por isso, precisar de descanso;

“A cobrança é algo construído, a gente aprende a se cobrar… mas do mesmo modo, podemos desconstruir e torná-la mais saudável”.

+ No Zen App, algumas meditações guiadas abordam esse tema. São boas opções “Menos cobrança” e “Exija menos de si

Esses são dois passos importantes para diminuir a pressão. Mas, não são os únicos. A psicóloga indica que, sempre que possível, tarefas sejam delegadas e que se peça ajuda.  

“Uma boa opção é ter clareza sobre tudo o que é feito. Coloque no papel e veja se existe uma forma de dividir essas atividades. Talvez com o parceiro ou parceira, com os filhos ou uma rede de apoio ou, talvez, remanejar de uma maneira melhor entre a semana. Em qualquer caso, coloque a divisão de uma maneira física, seja um papel na geladeira, agenda ou como melhor funcionar na dinâmica pessoal”.

Por fim, uma dica importante é verbalizar. Diga quando se sentir cansada, coloque para fora… aprenda a dizer não. 

E lembre-se de se incluir na própria agenda

Em muitos casos, o trabalho de cuidado inclui inúmeras responsabilidades e pessoas. Menos, a própria mulher. O que torna a carga ainda mais pesada e difícil. 

“Aqui, não existe certo e errado. O caminho é escolher atividades que façam sentido para ela: leitura, ouvir um podcast ou músicas que goste, uma atividade física, estudar, meditar… o importante é ter um momento para si. Cuidar não só dos outros, mas também de si mesma”. 

Mesmo que sejam breves, ela explica que é importante que esses momentos existam. Com pouco mais de 10 minutos, por exemplo, você consegue fazer uma meditação guiada ou uma aula de yoga.

O importante, neste caso, é você ser parte da sua rotina de alguma forma. 

Mas, lembre-se: nada de cobranças quando você falhar. Falhas fazem parte da vida e é importante ser gentil com as suas, assim como você é com os outros que falham com você.

Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

POR UMA VIDA MAIS ZEN
Dicas, inspirações
e novidades!
Experimente o zen por 7 dias
grátis!
Quero testar!